quinta-feira, 23 de abril de 2009

Chuva Vida. Vida Chuva

Passei os últimos meses rezando para que chuvesse, o calor estava demais, e agora que finalmente chove na capital baiana eu já rezo para que pare. Não que eu ache que já basta, ainda precisa de mais chuva, mas o problema é que a cada chuva que cai do céu faz desabar uma casa na terra, faz morrer pessoas. Então desde ontem, eu já rezo para que pare, para que não chova por algum tempo, até que as coisas se regularizem.

Todo ano é a mesma coisa, a cada gota de água que cai do céu pode ser menos uma vida na Terra. Outro dia vi uma propaganda na TV que dizia para as pessoas não construírem próximo às encostas, não desmatasse próximo às encostas porque quando as chuvas caem, essas casas podem desabar e finalizava dizendo que antes de iniciar as construções era necessário se dirigir ao órgão responsável. Aí eu fico a me perguntar, se as pessoas moram nas encostas provavelmente vivem também uma vida de abdicação, provavelmente elas sabem ou no mínimo imaginam que a sua casa pode desabar, que o seu filho pode pegar leptospirose, que a sua vida, muitas vezes, torna-se invisível aos olharas humanos e governamentais. E aí vem a pergunta que sempre me ronda, o que falta? Quando será que todos nós seremos responsáveis pela cidade que moramos, pelas pessoas que vivem nela? Quando? Não sei, talvez nunca.

Nos dias de chuva todos nós reclamamos, porque ela nos afeta de várias formas, são as avenidas alagadas, carro que quebra, engarrafamentos, casas que desabam. Nesse momento parece que somos todos um a reinvidicar melhoras, mas quando tudo passa, passa também essa junção e novamente volta a separação.

Enquanto ficarmos assim, a olhar só para nós mesmos, o que está ao nosso redor tende a acabar, a se destruir, e quiçá sobrará apenas eu e as minhas construções, que num mundo desabitado de nada servirão.

Ê Chuva que cai do céu, tenha piedade de nós, pare!
Ê Chuva que teima em cair do céu, minha casa já não existe mais, meus filhos já não tem aonde se abrigar, pare!
Ê chuva que cai do céu, deixe que a minha vida continue, de minha casa já não resta nada, me guarde a vida, pare!
A chuva que trás a vida, trás também a morte na Cidade de Papel.

Um comentário:

Raquel Galvão disse...

"Vai chover de novo,
deu na tv que o povo já se cansou de tanto o céu desabar"
Espero que tudo na metópole tenha melhorado! Beijos