quinta-feira, 29 de julho de 2010

Passei os últimos dias viajando pelo interior da Bahia. Interessante percorrer esse Estado, tão grande, diferente e único. Na volta para Salvador, escutei no ônibus algumas conversas que me fizeram repensar o imaginário que possuo do interior. Lembro-me que quando morei em Bom Jesus da Lapa, a violência já acometia o local, mas os crimes eram mais amenos, menos chocantes, com exceção de alguns que surgem para confirmar a regra. E eis que às 8h da manhã escuto um senhor contar horrorizado que em Capim Grosso foi assinado um jovem por dois motoqueiros em praça pública com 8 tiros. Coisa de louco! O motivo: tráfico de drogas. E a partir desse relato surgiram vários outros. Fiquei estarrecida. Fico pensando o que precisa acontecer para que todos nós: governo, sociedade, polícia, etc tome providências. Enquanto isso nossos jovens, principalmente os do sexo masculino e negros, vão morrendo.

Ao chegar em Salvador, escuto ainda uma última conversa no ônibus entre 2 jovens. O menino contando pra menina que no interior uma menina disse a ele que viver na Bahia deve ser bom porque a Bahia é bonita, aí ele diz a ela, mas você já mora na Bahia! E finaliza a conversa se perguntando: será que ela acha que a Bahia é só Salvador? Quantos baianos não se reconhecem como baianos? Muitos. Numa recente viagem que fiz ao Extremo Sul era comum escutar que o sotaque deles não se parecia com o meu, que esse sotoque que aparece na TV na verdade só é falado em Salvador. O que estamos fazendo com a nossa identidade? É necessário olhar para o interior que continua produzindo, criando e reinventando a nossa cultura.

Tem coisas que eu posso afirmar que só se vê na Bahia!

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