Nesse momento eu queria tanta
coisa e ao mesmo tempo nada. São tantos os desejos e dentro de mim tantas
certezas, ou será só um monte de pensamentos positivos? Não sei, mas tem dias
que me vejo como em um sonho e a sensação é de estar me vendo viver, o que não
é ruim, porém angustiante.
Tantas coisas desejo e as vejo
perto de mim, mas sem poder tocá-las e isso trás mais angústia. É como se eu tivesse certeza de tudo que
acontecerá, porém sinto como se tivesse que viver tudo o que tenho vivido
ultimamente e me pergunto por quê. Também
tenho a sensação de estar vivendo tudo de novo, como um dejavour, o que trás
fascinação e também resistência.
Talvez a coisa mais importante
que eu tenha decidido, nos últimos tempos, tenha sido não pensar tanto, não
planejar, aceitar e viver. Nessa última semana tiveram dias que me senti tão
cheia de sentimentos e tão vazia que não tinha como não me sentir perdida. Não
que não saiba o que quero, mas a forma como a realidade se apresenta me
balança, me questiona, me empurra para lugares e pessoas que eu só me pergunto
o por quê. Não que eu quisesse ou achasse que tudo seria ou é fácil, mas
gostaria de ter a sensação de fluidez.
Ao mesmo tempo, não considero que
o que tem me acontecido seja ruim, penso só que é um aprendizado, talvez seja a
vida me empurrando para refazer planos, repensar os meus sonhos e as minhas
necessidades. E o que mais tenho feito é me questionar e questionar, por
exemplo, o valor do dinheiro. Todos os meus medos nesse momento tem como plano
de fundo o medo do amanhã, o medo da falta de dinheiro, da falta de
perspectivas. E me ponho a pensar que a vida é isso, é viver o hoje sem pensar
no amanhã porque até podemos pensar, mas nunca teremos a certeza de que esse é
o caminho ou de que teremos uma vida confortável durante toda a nossa
existência.
Mudar de vida, de lugares, de
pessoas é uma experiência que não tenho como descrever em palavras. Quantas
vezes eu quis, desejei estar onde estou hoje. Quantos dias e noites sonhei,
tive medo, angústia e hoje isso tudo parece que faz parte de outra vida. Penso
também que tantas pessoas tenho conhecido com as mesma inquietudes e os mesmos
sonhos. Com a mesma felicidade besta de estar fazendo aquilo que o coração e a
alma pedem. Às vezes também tem o questionamento, será que é loucura viver fora
do programado? Fora do que o sistema pede? Em um mundo que cobra cada vez mais
dedicação ao trabalho, ao consumo, talvez seja loucura deixar tudo para
realizar sonhos. Deixar o “seguro” para viver o inseguro. Deixar os seus para
conhecer os outros. Sair da zona de conforto para viver no mundo, literalmente
no mundo.
Tenho dito e pensado que seria
ótimo dormir e acordar com a minha vida em ordem e apenas lembrar desse
período, não que esteja infeliz, mas um pouco atordoada de tantas sensações
(que confesso que eu mesma busco). Questiono-me se quando me planejei previ que
o imprevisto podia ser muito mais mental do que material. Sofro menos de
adaptação, de saudade, do que das coisas que o dia a dia me apresenta. São tantas
coisas a resolver por dia que quando a noite chega, o sono vem mas o corpo não
descansa, me sinto em alerta. Sinto-me como um navegante antigo que sai ao mar
sem uma única certeza de que voltará, apenas carrega consigo os seus sonhos que
também podem ser os sonhos de um mundo inteiro.
Tenho muito a agradecer porque
confesso que a vida é por demais boa comigo. A vida sempre me permitiu ver o
mundo com cores coloridas, sou redundante porque acredito que não bastam cores,
há que ser colorido. Há que mirar um mundo de cores para vivenciar os caminhos
do coração. É difícil se entregar ao mundo e a um dia de cada vez. É difícil
tentar pensar em um ano depois e não ter certeza de nada. É a roda vida, a roda
da vida que às vezes nos brinda com muito mais do que dormir e acordar. E sem
ser por demais romântica, eu me sinto em um conto de fadas, daqueles como Alice
no país das maravilhas. Daqueles que se tem certeza de que todos os dias
acontecem milagres.
Sei que o meu costume de olhar o
mundo com olhos curiosos, alegres e positivos faz toda a diferença agora,
porque a cada dificuldade o que fica por último são as boas gargalhadas de que
mesmo com o fracasso, a beleza da vida continua viva e pulsante. Acredito que a
minha vontade de estar viva é tão grande que me faz viva, me faz fluida, me faz
transparente e com toda a fé que carrego, mesmo nas horas difíceis, ela se
torna fácil. Considero-me uma pessoa de sorte por me permitir crescer com os
erros, com os fracassos, com o caos, com as incertezas, com a fome de querer
mais e de ser mais. E me ponho a pensar, o que será dessa menina do sertão da
Bahia? O que será que essas tantas estradas vão a promover? Porque dentro de
mim uma voz me diz que deixe o medo de lado e segure na mão da fé, aquela que
remove montanhas, aquela que o povo desse mesmo sertão conhece tão bem, aquela
que faz do meu país algo único e por isso cria seres humanos, que mais do que
viver, querem uma vida bem vivida, cheia de histórias que quando se conta
parece saída de um romance ou de um conto de fadas.
Despeço-me porque de tanto pensar
a cabeça se põe vazia, com as dúvidas rondando longe e perto, com algumas
insatisfações, mas cheia, repleta de querer bem, de amor, de desejo, de sonhos,
de vontade de fazer diferente porque para realizar sonhos é preciso ter coragem
de sonhar e de sair de onde se está para se lançar numa aventura que não se
sabe aonde vai parar.
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