terça-feira, 17 de junho de 2008

Cenas Codianas e Corriqueiras.

A primeira cena do dia que eu vi foi um assalto à mão armada. Na hora só deu tempo de correr e sentir pena da pessoa que estava sendo assaltada. Essa é mais uma cena comum e corriqueira que acontece todos os dias em Salvador.
Acabei de ler um texto que Lázaro Ramos escreveu para o Jornal A Tarde (“Toque de Recolher, Medo e Indignação”) e fiquei me perguntando as mesmas coisas que ele, aliás essas perguntas sempre me acompanham. Aonde tudo isso vai parar? Será necessário morrer mais quantos seres humanos para algo ser feito? O que leva um homem a matar, roubar e cometer atos cruéis contra outros seres humanos?
São perguntas e situações tão corriqueiras que, às vezes, só nos atentamos quando acontece algo muito próximo a nós, com nossos amigos, nossa família, com um colega de trabalho, etc.
Eu me sinto triste e às vezes sem forças. Triste por andar nas ruas e ver pessoas comendo lixo, crianças descalças na sinaleira usando drogas, roubando, fazendo malabares, mas sei que essas cenas hoje são banais, isso chocava mais na década de 80. O mais chocante agora é saber que crianças empunham armas, fazem parte do crime organizado, é ouvir depoimentos de crianças com 10 anos dizendo que matam, e ver que para eles isso é banal. Preocupo-me com os próximos anos. O que será banal? O que vai nos assustar? O que vai fazer a mídia parar por dias e dias a fio a documentar, a analisar, a achar culpados? Eu não me ouso nem a imaginar porque sei que do jeito que as coisas estão indo, boa coisa não será.
É uma visão pessimista, mas sou uma pessoa que me esforço para ver o lado bom das coisas, das pessoas, das situações, e a violência - urbana, social, cultural, educacional - não é mais questão de lado bom ou ruim, é questão de ação e de uma ação coletiva. Sem querer ser panfletária, é necessário que cada brasileiro, baiano, soteropolitano faça a sua parte e não apenas se tranque em casa ou pense que a chacina que acontece em Mussurunga, Calabar, Bairro da Paz, Nordeste de Amaralina, Santa Cruz...não acontecerá na Barra, na Pituba, na Graça...sinto-lhe informar que pelo que tudo indica, se nada for pensando e realizado, chegará sim esse dia. E aí o que faremos? Nos trancaremos mais ainda? Morreremos de depressão? Ficaremos indignados?
É triste, é lamentável, é angustiante! Todas essas palavras resumem a atualidade brasileira e resumem também as nossas vidas. Quanto de liberdade você possui? Há quanto tempo você sai na rua tranqüilo, sem a sensação de perseguição? Há quanto tempo você pára numa sinaleira e não fecha os vidros do carro?
São indagações sem respostas porque não temos essas respostas, seguimos um movimento que é de massa e mundial. Apenas sentimos medo, angústia e depressão. Mas se cada um se conscientizar e começar a fazer o pouco que é possível, a situação vai melhorar e, quem sabe, chegará o dia em que poderemos viver em paz, o dia em que o coletivo será mais importante do que o individual. O dia em que não será mais necessário morrer por causa de um celular, morrer para que uma comunidade inteira sinta medo, dentre tantas outras situações.
São apenas indagações das cenas cotidianas e corriqueiras da cidade de Salvador.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

É Hoje o Dia!

É hoje o dia de que mesmo?
Ah! São tantas as perguntas que chego a não ter mais paciência para nada responder.
Essa coisa de pensar na vida, nos homens, nos sentimentos, no que me aflige, no que eu posso fazer para melhorar o mundo, a mim mesma, isso encheu o meu saco.
Sabe o que eu quero de verdade? Liberdade!
Liberdade de ser eu mesma. De falar o que eu quero. Usar o que eu quero. Sorrir como eu quero. Ter o meu corpo assim como ele é e saber que ele é meu e me agrada e que se dane o resto.
Mas em certos momentos é praticamente impossível ser simplesmente como queremos ser, como nascemos para ser.
É difícil para mim viver em sociedade.
Tem momentos que não me sinto participando de nada.
Me sinto fora, completamente fora do sistema, fora do que é normal.
Ah! Quantas vezes me perguntei se sou normal.
E quantas vezes me cobrei ser igual as outras mulheres.
Quem sabe assim os homens me aceitariam melhor. Me pediriam em namoro, fariam juras de amor, iriam querer constituir família, ter filhos, essas coisas normais.
Nessas idas e vindas, comigo mesma, eu descobri uma menina-mulher cheia de sonhos, de vontades, de desejos, de insegurança, de força, de amor, de raiva, de alegria, de ferimentos, de sorrisos, de lágrimas, de VIDA!.
Essa mulher-menina me dá um trabalho mas me faz entender que para ser mulher e menina, menina e mulher dá trabalho mesmo.
E compreendi que não quero ser entendida e nem aceita.
Quero apenas ser eu mesma. Ser Saliha.
Ser um pouco mais bondosa comigo mesma. Ser um pouco mais leve. Mais dura. Mais flexível. Mais determinada. Mais nem aí. Ser isso tudo em uma só.
E estar feliz por ser assim, um pouquinho de cada menina e de cada mulher que abriga essa mesma pessoa.